Duas gravuras setecentistas (origem germânica) da minha coleção representando
Santo António envergando espada, chapeu e bastão militar…
Inscrita numa delas no reverso um curioso trecho de uma
partitura musical com letra e musica desconhecidas…
A segunda gravura....
Sobre estas duas curiosas gravuras cito aqui o estudo/livro
de Jose Pinto Aguiar “Santo António de Lisboa Oficial do exercito e herói nacional”
“…Sob o ponto de vista militar _um dos aspectos mais
sugestivos de que se reveste o seu culto _foram-lhe prestadas honras não apenas
em Portugal, no Brasil, em Africa, Macau e na India, mas, até em Espanha, onde
após a reconquista da praça de Oran aos mouros, Filipe V lhe concedeu o título
e o soldo de almirante.
O franciscano Frei Beda Kleinschimdt, no seu livro Antonius
von Padua, conta-nos a propósito, uma formosíssima lenda.
Ouçamo-lo:
“_Depois da expulsão definitiva dos mouros da peninsula
ibérica, os espanhois conquistaram a cidade de Oran, na Africa do Norte, a qual
porém, lhes foi arrancada pelo Bey da Algéria em 1708. Por causa das piratarias
praticadas na costa africana, a Espanha tentou diversas vezes, sem alcança-lo,
apoderar-se, de novo de Oran. Em 1731, o rei Filipe V deu ordem ao almirante
Mondemar de empreender, para esse fim uma nova expedição.”
Parece, porém que o almirante, não confiando demasiado no
êxito da empresa, por considerar a praça inexpugnável, assim o ponderou ao rei.
Filipe V teria insistido e Mondemar partiu então a
desempenhar-se a tarefa que lhe foi confiada.
Ao chegar a Alicante, na Espanha meridional, desembarcou e
fez rezar na igreja de Santo António, missa solene em acção de graças pelo seu
padroeiro.
Finda a cerimónia _ continua Frei Beda_, subiu ao altar do
Taumaturgo e dêpos-lhe, sobre a cabeça, o seu chapeu de plumas, pendurou-lhe,
no ombro, a insígnia de almirante, cingiu-o com a sua espada e colocou-lhe na
mão o bastão de comando.
Em seguida, implorou a protecção do Santo Português para as
armas de Espanha. Dizendo-lhe:
_”Sois vós, ó Santo António, quem deverá conquistar Oran; eu
não tenho forças para isso. D’aqui por diante, ó Santo António, sereis vós o
Almirante e eu o vosso soldado!!”
Ao outro dia, a esquadra largou com rumo a Oran.
Navegando cautelosamente e já á vista da fortaleza, tudo se
preparava a bordo para o combate.
A praça porém encontrava-se desprovida de soldados, quase
completamente deserta, e o desembarque pode fazer-se, sem ser derramada uma única
gota de sangue, graças a um milagre de Santo António.
_”Antes da frota surgir no horizonte_ assim o descreveram
uns velhos mouros, a quem não foi possível fugir da cidade _ apareceu-nos um
frade franciscano, tendo na cabeça um chapeu de plumas, como usavam os
almirantes espanhois, na cinta uma espada e na mão um bastão de comando: o
frade ameaçava a cidade de destruição completa, se não se rendesse sem combate”.
Em memória do feito _ ordenou Filipe V que daí para o futuro
se pagasse sempre ao convento de Santo António de Alicante, uma esmola
correspondente ao soldo de um almirante da marinha de guerra espanhola.
Esta é foi uma lenda muito divulgada pelos países católicos
com especial enfoque na Alemanha, aliás estas duas gravuras denotam essa
particulariedade pois as legendas que as acompanham são em língua germânica.
Muito interessante, obrigado...
ResponderEliminar