Acabado de chegar!!!!!!!!!
...este Santo António monocromático a pregar aos peixes da autoria do barrista minhoto Domingos Mistério já falecido...
Domingos Gonçalves Lima
Nota biográfica
Domingos Gonçalves Lima (de alcunha "Mistério") nasce em S. Martinho de Galegos, Barcelos, a 29 de Agosto de 1921. A 4 de Março de 1944 casa com Virgínia Coelho Esteves de quem teve 12 filhos, alguns deles trabalhando também no mesmo ofício, os rapazes auxiliando o pai na modelação dos bonecos, e as raparigas ajudando a mãe na pintura destes. A alcunha de "Mistério" é-lhe atribuída na infância pelo facto de ter conseguido sobreviver apesar da saúde frágil. Criado pela avó materna, Rosa Gonçalves Lima, foi com ela que aprendeu e se iniciou na arte do figurado que nunca abandonou, apesar do seu percurso profissional o ter levado a trabalhar nas feiras, vendendo loiça, primeiro como empregado e, posteriormente, por conta própria. Mais tarde emprega-se numa fábrica, trabalhando simultaneamente na sua oficina na modelação dos bonecos, actividade que continuará a desenvolver até à data da sua morte e à qual, ainda hoje, alguns dos filhos deram continuidade. Com raízes familiares profundamente religiosas, é à religião que vai buscar inspiração para algumas das suas temáticas, não apenas na criação das figuras sacrossantas de Jesus Cristo, da Virgem e Santos, mas também de figuras como o Diabo, com a qual brinca e satiriza algumas cenas do quotidiano. Crítica e sátira são, aliás, os traços mais evidentes da sua obra, transformando cenas habituais do quotidiano em representações caricaturais únicas, cheias de humor e originalidade. Se na arte do figurado nascido em Barcelos é possível encontrar, dentro do universo dos diferentes barristas que o representam, traços comuns quanto à cor, às formas e às temáticas mais representadas, nele podemos também descortinar a singularidade de alguns dos seus artesãos, porque nas suas criações há sempre um aspecto mais marcante que o diferencia e individualiza dos restantes. Com o barrista Mistério, deparamo-nos com figuras providas de enormes olhos, orelhas e narizes exageradamente grandes, que povoam temáticas tão diferentes como as cenas do quotidiano (os jogadores de cartas, o moleiro, a matança do porco, o fradinho a confessar, o polícia a defecar) as representações de bandas de músicos, a banda dos "Zés Pereiras", os Reis, e as cenas religiosas.